
Como era esperado, Guima se tornou gerente da boutique de calçados femininos de uma loja de departamentos de renome internacional. Sempre muito séria, com coque impecável e exigente com sua equipe de vendas, mantinha os resultados cada vez mais estratosféricos, gerando sorrisos cifrados no Gerente Geral, senhor X.
Guima seria perfeita, exceto pelo fato de achar que: “...os sapatos escolhem as pessoas, jamais o contrário ouviu, menina?”. Sempre repetia para as novatas. E foi por isso que se tornou gerente já que, certa vez, uma senhora bem gorda, dos pés redondos, cismou que compraria um modelo Chanel de verniz pink. Dito e feito. A briga foi calçada.
--- Desculpe, mas estes sapatos não lhe calçam bem. Acho que há modelos melhores. Falou com o sorriso ameaçador de uma nazista.
A senhora, nem um pouco satisfeita com a infeliz colocação, apertando seus dedinhos gorduchos em uma pobre almofada do sofá, franziu todas as dobras da cara e disse, pausadamente: “Acontece, filhota, que quem decide isso sou eu! Até porque quem te sustenta é o meu dinheiro!”.
Bom, alguém ouviu falar em compostura e graça? Pois é, a Guiomarina, não.
--- Aí que você se engana, sua empada velha (uii!). Na primeira calçada você destrói o salto, o cabedal entorta como uma maria-mole e o verniz deforma com esse seu pé que mais parece um tijolo. Nem ouse experimentá-los! – Gritou.
--- Ora, sua vendedorazinha de M...! – A pobre nem bem terminou e Guima já empunhava um incrível “total madness” Christian Louboutin, com solas vermelhas - sim, por que disfarça o sangue - e voou como um jogador da NFL (national football league) pra cima da gorducha.
Isso lhe rendeu quinze dias de suspensão sem nenhum arrependimento, diga-se, e ainda saiu se gabando por ter defendido a causa, vaticinando melodiosamente: “*multi sunt vocati, pauci vero electi”.
Mas nem tudo era como Guima queria... (CONTINUA).
*Muitos são os chamados, e poucos os aproveitados.
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